quarta-feira, 30 de maio de 2007

Para vocês lerem, e para eu não me esquecer. É, para mim, um manifesto para o verdadeiro estudante (no sentido mais geral do termo) de qualquer arte que seja.

"O melhor volume de crítica musical que eu já encontrei é o Stravinski de Boris de Schloezer. Mas o que é que eu aprendi depois de lê-lo que eu já não sabia antes?
(...) Agrada-me em particular uma sentença, talvez a única de todo livro que eu consiga recordar (aproximadamente): 'A melodia é a coisa mais artificial em música' , ou seja, é a coisa mais distante de tudo o que um compositor possa encontrar LÁ, pronto, em estado de natureza, precisando apenas de imitação ou cópia direta. É, portanto, a raiz do teste, etc.
Este é um aforismo, uma afirmação geral. Para mim, profundamente verdadeira. Ela pode ser usada como medida de aferição para Stravinsky ou qualquer outro compositor. MAS e quanto ao conhecimento efetivo de Stravinsky? Quando Boris de Schloezer se refere a obras que já ouvi, eu entendo a maior parte ou talvez a totalidade do que ele quer dizer.
Quando ele se refere a obras que eu não ouvi, eu compreendo sua 'idéia geral' mas não adquiro nenhum conhecimento objetivo.
Minha impressão final é que ele aceitou um caso difícil, fez o máximo pelo seu cliente e por fim deixou Stravinsky entregue à sua própria sorte, embora ele tivesse explicado porque o compositor tomou um caminho errado ou não poderia ter feito de outra maneira."

Ezra Pound, ABC da literatura, ed. Cultrix

Um comentário:

marríe disse...

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